Ao longo dos anos, diversos direitos foram conquistados pelas mulheres. No entanto, ainda é comum que elas recebam a responsabilidade de cuidar da casa, dos filhos, maridos, pais, tios, irmãos, entre outros. Alimentar, vestir, medicar, higienizar e oferecer afeto são algumas das atribuições que recaem sobre as mulheres com o pretexto de garantir saúde e bem-estar aos membros da família. "Deveres" que, muitas vezes, ainda são divididos com o emprego, estudo e outras atividades, resultando em uma sobrecarga significativa.

Devido ao enraizamento dessa ideia, existe uma tendência à naturalização e aceitação da situação. O sentimento de frustração é comum nesse contexto, já que "dar conta" também é considerada uma característica própria da mulher, o que leva ao esgotamento físico e psicológico.

É preciso dizer que nas últimas décadas houve uma melhora na divisão das tarefas e cuidados. No entanto, ainda se fala em "ajuda", sendo que a maior parte dos cuidados no ambiente doméstico, geralmente, ainda pesa sobre as mulheres, enquanto os demais membros da família auxiliam de forma eventual.

Devemos mudar esse cenário. No ambiente familiar, todos devem colaborar e dividir as atividades de modo que ninguém fique sobrecarregado. Além disso, é importante que na esfera política sejam criados programas que apoiem as famílias, com o objetivo de assegurar a valorização e a dignidade das mulheres.

Luciana Brunelli
Assistente Social da AssempBH